Estive revendo a série "Cosmos" do físico, astrofísico, biólogo e divulgador do pensamento científico Carl Sagan (1934/1996). Sagan era um ateu convicto e considerava todo o tipo de crença em divindades ou em um Deus criador fantasiosa, tal como o biólogo Richard Dawkins, autor do livro “Deus Uma Ilusão”. No episódio 2 da série Sagan conta a história do jovem imperador japonês Antoku, o 81º imperador da dinastia japonesa, que em 24 de abril 1185, em Dan-no-ura, foi afogado por sua própria avó para que não fosse entregue ao clã rival que pretendia dominar o Japão. Ela também pulou junto no mar. Os últimos descendentes do clã do imperador que sobreviveram se tornaram em sua maioria pescadores, e dizem que o jovem imperador sobrevive como um samurai que ainda vagueia nas profundezas do mar. Ele sobrevive nas costas de um caranguejo que tem marcas que lembram a do rosto furioso de um samurai. Sagan então indaga: “Como é possível que o rosto de um guerreiro fique marcado na carapaça de um caranguejo japonês?”. E ele mesmo, é claro, dá a resposta afirmando que fomos nós os humanos que fizemos isso... Como?
O caranguejo com uma cara de guerreiro Samurai zangado. |
Segundo o cientista os traços físicos do caranguejo são herdados
geneticamente de seus ancestrais, assim como acontece entre nós humanos. Então
há muito tempo atrás, antes dessa batalha, o caranguejo tinha um leve traço que
se parecia com o de um guerreiro. Os homens então relutavam em comê-lo! Ao
jogá-lo de volta ao mar, nós humanos teríamos dado início a um processo de
seleção natural. E ele diz: “se você é um caranguejo e a sua carapaça é apenas
comum, os humanos vão comê-lo, mas se você parece um pouco com um rosto eles
vão jogá-lo de volta e você vai poder ter muitos caranguejinhos que vão parecer
com você!”. Assim passadas muitas gerações de caranguejos e pescadores, os
caranguejos com rosto humano aprimoraram esse traço genético e sobreviveram.
Então esse traço hereditário nada teria a ver com o desejo do caranguejo, mas
com uma imposição feita pelo lado de fora, ou seja, por nós humanos... Bem, já
na época a teoria do renomado cientista me pareceu totalmente estapafúrdia!
Pelo simples questionamento: Como os caranguejos saberiam o porquê de estarem
sendo devolvidos ao mar? Não faz nenhum sentido pelo ponto de vista científico.
São naturezas separadas e as motivações dos pescadores são totalmente
intrínsecas, mitológicas e, portanto, subjetivas. Tal coisa só seria possível
se houvesse uma conexão entre eles, mas essa conexão seria mística, muito antes
de ser física. Ou, se mais uma vez quisermos colocar a ciência no meio disso
tudo, podemos salientar que todos os seres vivos deste planeta possuem carbono
em sua composição, o que nos conectaria de alguma forma fisicamente, mas
haveria de ter algo maior que nos unisse. Na teoria espiritual seria nossa
unidade divina transcendente esse elo perdido. Entendo que na visão de um ateu
cético, que está querendo explicar o mudo pelo viés exterior, isso tudo pareça
uma grande viagem! Mas para quem já estudou teorias antigas, que se parecem
muito com as atuais teorias da física quântica, há uma noção de que tudo está
de algum modo interligado dentro de um plano de consciência mais amplo e
profundo. Realizar essa integração de consciência é o caminho do místico. Mas a
maioria da humanidade vive alheia a tudo isso, e o atual estado do nosso
planeta, sua devastação e sucessivas pragas que infestam a humanidade são a
prova, e o pesado tributo, que pagamos por essa alienação. E para quem diga ah,
mas eles (os caranguejos) já existiam lá! É verdade. Mas e o sincronismo de
essa batalha, e o afogamento do imperador japonês, acontecerem ali? Com certeza
não é um fato biológico também! Ou é? Trago esse questionamento não como um
panfleto anticientífico, mas como uma validação do olhar do espiritualista que,
mais uma vez parece nos conduzir a um caminho de maior equilíbrio, respeito à
vida em todas as suas manifestações, e a uma real ascensão evolutiva para muito
além do plano tridimensional...
Nenhum comentário:
Postar um comentário