segunda-feira, 23 de junho de 2014

O Mistério do Santuário do Roncador

Serra do Roncador (MT), ponto energético do planeta.

Ontem, dia 22/06/2014, assisti a reportagem do programa Fantástico, intitulada de Santuário do Roncador, e mais uma vez testemunhei um claro ataque e generalização ao termo “místico”, e às crenças espirituais da Nova Era. Uma comunidade chamada de Igreja Gnóstica vive no exato ponto do paralelo 15 no estado do Mato Grosso, que alega fazer curas orientadas por seres espirituais intra-terrenos canalizados por uma matriarca há cerca de trinta anos. O jornalista faz questão de salientar que a referida matriarca mal tem o ensino médio concluído, e que ela faz questão de ser chamada de “Deusinha”. Confronta as declarações dos sacerdotes da comunidade com médicos, um físico e uma sexóloga! A intenção de declarar que a comunidade é uma fraude é clara! Não vou aqui entrar no mérito de dizer de que se trata ou não de fraude ou curas legítimas, mas é curioso notar que nenhuma reportagem, quer seja da Globo quer seja de qualquer emissora, confronta com cientistas de áreas diversas os milagres alegados pelas muitas igrejas evangélicas que anunciam cura de tumores e outras doenças terminais em programas na tevê aberta! Isso sem falar que fizeram questão de entrevistar os visitantes da comunidade, mas não de colher testemunhos de curas recebidas por eles! Em trinta anos não houve nenhum caso? Se não, como a comunidade durou tanto e ficou tão famosa? Vale lembrar que as milionárias igrejas evangélicas compram espaços em diversas emissoras, menos na Rede Globo de televisão. A emissora tem seus próprios interesses no mercado de música gospel que, aliás, rende milhões!
A cura espiritual pode ter muitos enfoques.
Como disse não quero defender as práticas da comunidade gnóstica, até porque as desconheço em sua completude e de modo geral, dentro do que vi, discordo delas. Achei apenas que era necessário mostrar um outro ângulo, que evidentemente é ignorado pela maioria das pessoas! Sobre o castigado termo “místico” vale esclarecer que tem origem grega e se refere aos iniciados nos Mistérios de Elêusis. Mais tarde Santo Agostinho define místico como sendo aquele que busca uma experiência pessoal com Deus! Uma bela definição, que nos tempos atuais virou uma chacota comum ao definir pessoas que defendam crenças espirituais que não se enquadrem nos esquemas das religiões oficiais. Por isso uns se esquivam dessa definição, outros a assumem também como uma forma de transgressão, de sair do esquema massificado dos comportamentos sociais.
O pensamento místico é diversificado, e pode se expressar de muitas maneiras, mas de nodo geral segue duas correntes bem claras. Uma, bem representada pela comunidade mística do Roncador, que acredita e espera a intervenção de seres superiores para realizar curas e outros eventos transformadores na vida das pessoas! Essa orientação é muito antiga, remonta aos primórdios da civilização, quando o homem se via como um joguete nas mãos do destino e de seres superiores, e clamava por sua misericórdia. Então tudo era medido simplesmente em os deuses me amam ou me odeiam! Pois sim, havia os que se curavam, e sim também havia os que não se curavam! Muitos pensadores místicos, Mestres e Avatares vieram através dos tempos para aprimorar a relação do homem com o que ele mesmo definiu como a divindade! Muito embora a máxima “Conhece a ti mesmo e conhecerás os deuses e o Universo”, inscrita na entrada do templo grego de Delphos remonte há milhares de anos, o valor desse pensamento teve de ser esmiuçado, por assim dizer, por diversos orientadores espirituais ao longo dos tempos. Pois uma segunda corrente do pensamento místico acredita que nada ocorre fora de nós mesmos, e de que a divindade é uma força interior que quando acessada transforma a consciência e eleva a percepção e o entendimento a um nível de perenidade e compreensão da morte, e o do próprio sentido de existir.

O Ho'oponopono, somos responsáveis
por tudo o que vivemos!

Nessa corrente de pensamento nada ocorre por acaso, tudo está conectado de modo sincronístico. Todos os eventos desarmoniosos que sofremos foram causados por nós mesmos, consciente ou inconscientemente. Assim sua superação inclui a compreensão do que esses eventos podem nos ensinar sobre nós mesmos e nossos potenciais ou limitações! É bem verdade também que esta linha de pensamento místico é menos popular, afinal ela parece dar mais trabalho a quem já se sente debilitado e vitimizado pela vida!
Os que simpatizam com a primeira corrente de pensamento são os que vão consultar videntes, cartomantes e toda sorte de oráculos para ouvir sobre o seu futuro, como se eles mesmos nada tivessem a ver com isso! São os que buscam curadores ou templos de cura para que estes o libertem de seus males, dos quais se sentem simplesmente vítimas! Se o futuro é generoso, ou se eles se curam de seus males, então a vida e perfeita, mas eles mesmos não evoluíram nada, ou muito pouco com o que sofreram! Caso não tenham se curado, ou só o que lhes foi revelado pelos oráculos foram mais agruras, então sofrem em dobro sem entender nada do processo interior que os levou até aquele momento!

O solitário, mas recompensador,
caminho da auto-responsabilidade!

Os que simpatizam com a segunda corrente de pensamento procuram os oráculos como uma reflexão sobre seu momento de vida, estão abertos à proposta de avaliação das interferências de programações de memórias introjetadas no que estão vivendo. Procuram saber o que podem fazer para a situação através de suas próprias ações no presente. Fazem as perguntas certas, tais como: “o que isso que estou passando significa? Como pode me ajudar a crescer? O que preciso aprender com tudo isso?”.  Mesmo quando querem saber do futuro pedem conselhos sobre qual a melhor ação, interna ou externa, para alterar aquele estado de coisas! Essas pessoas procuram os curadores cientes de que elas mesmas possuem em suas mãos 50% de sua cura, e de que o resto é da competência do curador e do seu próprio comprometimento interno com a doença ou problema! Nesse caminho há mais lucidez e crescimento interior, bem como capacidade de transformar a própria vida assumindo o controle dela. Os instrumentos utilizados, como oráculos e terapias, não são vistos como muletas ou tábuas de salvação, mas como instrumentos de crescimento pessoal!
É bem verdade que esse segundo tipo de místico é mais raro de se encontrar conscientemente, mas ele existe e está despertando cada dia mais! Não graças, é claro, a ajuda da mídia atual que é o braço direito da sociedade utilitária de consumo, limitada e emburrecedora!

Assista a reportagem: Santuário do Roncador
Assista também esta reportagem, mais imparcial e completa, sobre os mistérios da Serra do  Roncador: Serra do Roncador - Ufos, seres intra-terrenos