quarta-feira, 7 de dezembro de 2022

Os Três Ciclos de Vida

Existem três grandes ciclos que duram em média 30 anos cada um e que revelam as oportunidades que nos são oferecidas ao longo da vida. Essas oportunidades alcançam os níveis familiar (ou hereditário), o pessoal (que marca a possibilidade de expressão plena da individualidade) e, por fim, as oportunidades sociais ou transpessoais que assinalam nossa contribuição a este mundo. Durante este último ciclo ponderamos sobre o legado que deixaremos, ou pretendemos, deixar quando não mais estivermos aqui! Estas “oportunidades” são na verdade circunstâncias que exigirão o desenvolvimento específico de certas habilidades, talentos ou traços de caráter ou da personalidade do indivíduo que podem conduzi-lo a uma real contribuição ao seu meio social e, eventualmente, destacá-lo. Descobrir os números regentes de cada ciclo é absolutamente fácil, e nem requer nenhum tipo de operação aritmética, como vemos a seguir:  

Os três ciclos regentes na Numerologia operam
como guias na captação de oportunidades de crescimento.

O Primeiro Ciclo – De 0 a 30 anos –  Este ciclo é definido pelo número do mês de nascimento, que representa um período de tempo maior dentro do ciclo de um ano, como a família o é dentro da sociedade! Ele representa os estímulos próximos que recebemos de nossa família e do meio ambiente que nos cerca. São as oportunidades que nos são oferecidas consciente ou inconscientemente pelas pessoas que representam nossas relações próximas. Pessoas nascidas nos meses compostos 10 e 12 (outubro e dezembro) devem reduzir a um último dígito estes números, muito embora aqui no meu Blog eu tenha textos sobre o significado simbólicos deles, como não possuem nenhuma atribuição específica dentro da abordagem pitagórica, o mais adequado é mesmo reduzir. Apenas o mês 11, novembro, se mantém íntegro. Cada mês engloba o simbolismo de dois signos zodiacais, assim sendo isso explica muito bem a diferença que se percebe entre librianos, por exemplo, nascidos em setembro para os nativos de outubro!

O Segundo Ciclo – De 31 a 60 anos – Este ciclo é determinado pelo dia de nascimento, que representa um período de tempo bem específico dentro do grande ciclo de um ano, como é a personalidade dentro da sociedade humana e familiar. Ele representa o momento em que temos a oportunidade de nos expressar com nossas próprias habilidades e características peculiares neste mundo. O que pode representar uma marca  da nossa personalidade, a manifestação de um talento, ou um modo de fazer as coisas que acentua nossas ações, e a vida das pessoas com quem nos relacionamos. O número deste ciclo indica também o que somos incitados a construir durante este período. Por ter uma variedade maior de possibilidades numéricas este ciclo pode conter os quatro números kármicos 13, 14, 16 e 19 e pelo menos dois números Mestres, 11 e 22. Os demais deverão ser reduzidos a um único dígito como indica a regra de cálculo pitagórica.

Existem muitas versões de nós mesmos
que os ciclos de vida, juntamente com 
os ápices e desafios, auxiliam a resgatar.

O Terceiro Ciclo – De 61 a 90 anos – Este ciclo é determinado pela soma do ano de nascimento, e representa a proposta de toda a vida do nativo. Ou seja, é a contribuição que ele trouxe para este mundo, o tema para o qual a vida nos dirigiu, e cuja grandeza ou importância depende apenas do nível de maturidade psicológica e espiritual, e claro seu nível de autoconhecimento, que moldarão o tamanho e a importância desta contribuição. Muitas pessoas descobrem cedo a que vieram a este mundo, seu propósito e missão de vida, mas é neste ciclo que este propósito atinge seu ápice e maior relevância tanto para o indivíduo quanto para aqueles que o cercam e se beneficiam de sua contribuição ao mundo e à comunidade humana. É o amadurecimento da consciência no sentido mais elevado que se pode conceber. Este ciclo, assim como o segundo inclui os quatro números kármicos e os números Mestres 11 e 22. 

Fernando Pessoa

Um estudo de caso que ilustra bem isso é do poeta português mais conhecido do mundo, Fernando António Nogueira Lisboa! Nascido em 13 de junho de 1888. Seu primeiro ciclo foi de grande envolvimento com os temas familiares, que são atributos do 6, dolorosos com certeza, mas que estimularam no menino a literatura como um caminho de reconexão com sua integridade emocional e psíquica. E literatura é uma das mais belas atribuições do número 6. O pai morre aos 43 anos de tuberculose, e ele tinha apenas 5 anos nesta época, no ano seguinte o irmão Jorge vem a falecer antes de completar 1 ano de vida. E nesta época surge seu primeiro heterônimo, Chevalier de Pas. Em 1903 recebe o prêmio Queen Victoria Memorial Prize, pelo melhor ensaio em língua inglesa entre 899 candidatos, com apenas 13 anos. E aos 24anos inicia sua carreira como ensaísta e crítico literário com dois artigos publicados pela revista Águia: “Reincidindo” e “A Nova Poesia Portuguesa no seu Aspecto Psicológico”. Em 1915 participou da revista Orpheu percussora do movimento modernista em Portugal. Sua trajetória nos primeiros anos de vida foi marcada por muitas mudanças e viagens entre Portugal e Irlanda, onde estudou. Esse fato afeta muito negativamente a estrutura psicológica de quem está sob a regência do 6 durante os anos de formação, e isso afetou todo o sentido de pertencimento e estabilidade emocional. O poeta passou sua vida toda mudando de casa.

Fernando Pessoa (1888/1935), poeta da alma.

Tudo isso ocorrido no primeiro ciclo de sua vida, a partir dos 30 anos o poeta passa a ser regido pelo seu segundo e último ciclo, que é representado pelo dia do seu nascimento 13/4, que se constitui num número kármico de muito trabalho e dificuldade de manifestação plena. Não há registros de sua vida pessoal durante este período, não houve vinculações amorosas. Só trabalhou muito, e escreveu magistralmente. Em 1924 aos 36 anos funda a revista Athena juntamente com o artista plástico Ruy Vaz. Nesse periódico firma os seus heterônimos, escrevendo poemas como Álvaro de Campos (dos versos cheios de simbolismo e tédio), Ricardo Reis (dos versos mais clássicos e filosóficos inspirados na cultura grega), e Alberto Caeiro (autor dos versos mais conectados com a vida natural e os ritos pagãos). Em 30 de novembro de 1935 falece no hospital de São Luís dos Franceses, em Lisboa, aos 47 anos. Toda sua vida foi marcada por solidão e abuso de álcool.

O caso do consagrado poeta serve para mostrar não apenas como operam os ciclos numerológicos, mas para alertar que os mapas da alma, tanto a Numerologia quanto a Astrologia, podem revelar o que acontecerá, porém o como é incógnito! Tem a ver com os merecimentos kármicos herdados de muitas e muitas vidas e com o quanto se amadureceu com essas experiências. Toda a vida deste grande escritor foi afetada pelo modo como ele viveu em seus primeiros anos. Durante o segundo ciclo sua dedicação ao trabalho literário foi um legado precioso não apenas para escritores, mas para todos os pensadores, filósofos e místicos que o sucederam. Tinha conhecimento de Astrologia, e chegou a fazer os mapas natais de seus heterônimos para que assim pudesse caracterizar ainda mais a natureza dos seus versos.

Se tivesse vivido mais seu último ciclo seria o 7, resultante da soma dos dígitos do seu ano de nascimento 1888 = 1+8+8+8 = 25 = 2+5 = 7. Muito provável que víssemos sua poesia se tornar ainda mais sofisticada, se é que isso é possível, ou ainda mais comprometida com os temas transcendentes, ou análogos à ânsia humana por esta transcendência como um alívio ou cura.

Nasceu com caminho de vida 8, 13/06/1888 = 1+3+6+1+8+8+8 = 35 = 3+5 = 8. Uma cifra de durezas e de responsabilidades que foram encaradas desde cedo. Sua alma, que teria vivido em outras encarnações as experiências místicas ou de perspectivas mais elevadas do número antecedente 7 teve que, naquela última encarnação, aprender a lidar com o mundo concreto dos fatos e da vida material. O que, infelizmente, o poeta não conseguiu cumprir.