Não tão aclamado na tradição
oculta quanto o 10, que é considerado símbolo de perfeição, elevação e
totalidade, desde a escola pitagórica até a escola cabalística, o 12 é uma
cifra que também possui em si mistérios místicos que merecem ser conhecidos.
Entretanto, é preciso entender a cifra entre esses dois números para se
ressaltar a importância do 12.
O número 11, situa-se além da
cifra da perfeição de Deus, o 10. Por esse motivo muitos cabalistas o
consideram um número de pecado e perversão. Hajo Banzhaf diz: “A palavra ‘Elf,
onze em alemão, originou-se da palavra ‘einlif’ do alto alemão, que significa ‘um
além’, ou seja um a mais que o dez”. Nada há para além do 10 que representa a
totalidade da criação de divina, e a perfeição dos Dez Mandamentos! O 11 é o
número da sephira de Daath (cujo significado é Conhecimento), que representa o
fruto proibido. Outros veem no 11 o homem tornado Deus, e interagindo
ativamente com sua presença sagrada para cocriar a realidade que o cerca. Por
isso ele é um dos mais poderosos Números Mestres, é a cifra dos que nascem com
o desejo de inspirar, orientar, instruir, e estimular o crescimento das
pessoas, além de possuir conexão com níveis superiores de consciência que
trazem inspirações, visões astrais, intuições profundas e acesso a Voz Interior
vinda do altíssimo. Com a possibilidade de atuar em campos como a arte, a
política, a espiritualidade, o ensino e a comunicação em todas as suas formas.
O 11 é a cifra do EU maior empoderado e ativo no mundo...
O rei Arthur, líder de um grupo de cavaleiros míticos que dedicaram suas vidas à busca do Graal... |
O 12 vem justamente quebrar a
fluência desse poder. Esta é a cifra do sacrifício voluntário,
do olhar sobre outra perspectiva a essência das coisas. Enquanto o 11 quer
atuar o 12 quer servir. Este é o número de meses do ano e dos signos do
zodíaco, que mais que uma representação mandálica das qualidades primordiais às
quais servirão ao homem em sua trajetória evolutiva e mais ainda à vida na
Terra, é um grande calendário celeste. Cada uma dessas qualidades simbolizam aspectos essenciais à
manutenção e evolução da vida, tanto do planeta quanto da humanidade. A palavra
sacrifício, sempre tão mal recebida, significa literalmente “tornar sagrada a
obra”, e tem muito a ver com o quanto aos entregamos nos processos em que nos
envolvemos. A dedicação a algo tem tudo a ver com sacrifício, tem a ver com
estudo, aprofundamento, investimento, e tempo! O tempo é justamente a única
coisa que não se pode recuperar, e ninguém pode ser ressarcido do tempo que
dedicou a algo. Tempo é vida! Há uma estreita relação entre este número e o
tempo, como os 12 ponteiros do relógio, que contado duas vezes percorre as 24 horas
de um dia. A passagem do Sol por cada um
dos 12 signos representa justamente a passagem das estações dentro da corrida
cronológica, e para cada pessoa que nasce com a representação dessa passagem em
si é proposto o desenvolvimento de uma consciência. E assim em sucessivas
reencarnações passaremos por cada um dos doze signos, até nos livrarmos da roda
das encarnações! Um canceriano, ou seja, uma pessoa que nasceu no momento em que
o Sol transitava na parte do zodíaco que corresponde a Câncer, veio nesse mundo para
aprender a lidar com seus sentimentos e emoções, e também aprender sobre
família, cuidado e afeto para cuidar, amar, emocionar e inspirar o maior número
de pessoas. Cada canceriano o fará ao seu modo, pois cada um tem o seu próprio
mapa astrológico para viver. O tanto que cada um se dedicará a fazer este trabalho
corresponde a obra que veio para tornar sagrada neste mundo, e que se relaciona
diretamente com sua evolução de consciência. Então não nascemos apenas para
viver, ser, e atuar para nosso próprio regozijo e evolução, mas também para a
evolução do mundo e a felicidade de todos. E é, não por acaso, esse o olhar
humanitário transcendente que nos propõe a 12ª casa da roda zodiacal, que é a morada do signo de Peixes, aquele que percebe o fio invisível que conecta
tudo e todos pela via interior mais que pela exterior...
O zodíaco, uma representação das qualidades celestes que também definem a entrada das estações, e marcam a passagem do tempo para o nosso planeta... |
O signo de Peixes, aliás, regeu a
era em que a cristandade se desenvolveu e se alastrou pelo mundo seguindo a
mensagem de amor e compaixão do Mestre Jesus, o Cristo. Coisa que os cristãos
não conseguiram fazer, infelizmente. Cristo também trazia a sua volta 12
discípulos que sacrificaram tudo o que tinham para seguir seu Mestre e criar um
caminho espiritual novo, um caminho onde a proposta era o amor! Toda vez que decidimos
fazer ou criar algo, a ideia do sacrifício é inerente a essa obra. Toda a ideia
de realização que não envolva algum tipo de empenho, dedicação ou até mesmo de certa
privação é falsa, pois é vazia. A alma não se identifica com o que não envolve
todos os aspectos da vivência humana, da dor à alegria. Sempre a ideia de
“sacrifício” a que se refere o 12 envolve tanto o sentimento de propósito
quanto a ideia de ampliação da consciência. Na mitologia em todo mundo se vê
isto: Jasão segue para a conquista do tosão de ouro com 12 colegas, todos
heróis míticos da Grécia, assim como na mitologia germano/escandinava dos
Nibelungos Siegfried segue com 12 companheiros para Worms para conquistar
Kriemhild, e depois navega por 12 dias e 12 noites para chegar à Islândia. No mito
do rei Arthur e os Cavaleiros da Távola Redonda o 12º lugar era mantido livre,
pois era onde sentaria o cavaleiro que achasse o Graal. Hércules também fez 12
trabalhos que ao serem cumpridos o elevaram à sua senda evolutiva espiritual, e
depois disso foi transformado em um dos deuses do Olimpo. Empenho, sacrifício,
voluntário dedicação a algo, seja a uma causa, pessoa, filosofia, atividade,
entidade ou trabalho com certas doses de renúncia que tornam sagrados esses
esforços, é a essência do que esta cifra nos fala. E quem não o faz, se nega por
puro hedonismo ou ignorância? Bem, este virá na roda reencarnatória tantas vezes quanto forem necessárias, até que consiga realizar seu propósito espiritual.
Arcano de O Enforcado, do Rider-Waite tarot, acima. A figura do dodecaedro, abaixo. |
Na geometria sagrada o dodecaedro
é a composição de doze pentágonos regulares, unindo o número do homem e sua quintessência
espiritual (5) ao espaço divino (12), para criar sua obra e a jornada em busca
da sua evolução!
O décimo segundo arcano do tarot cujo nome é “O Enforcado”, nos fala justamente
das situações em que perdemos o controle sobre os fatos e temos de lidar com o
imponderável como ele se apresenta, o que traz dor, desapontamentos, problemas
de comunicação, e muito desconforto para o ego, mas traz também em si a
possibilidade de ver o mundo sobre outra perspectiva. Remanejando nossa própria
percepção da vida, nos fazendo refletir sobre a limitação de nossas vontades, e
sobre o propósito a que vínhamos servindo consciente ou inconscientemente. Do
mesmo modo que o 7 marca o encontro do 3 divino com o 4 terreno pela adição
(3+4 = 7), o caminho terreno, o 12 resulta da multiplicação desses dois números
(3x4 = 12), o caminho do crescimento e da transcendência, que significa o ir
além do conhecido pelo senso comum... Então, curiosamente, o mártir representado
neste arcano do tarot tem também o potencial para se tornar um iluminado. O que
foi explicitamente representado por Arthur Edward Waite em seu Rider-Waite
tarot ao colocar uma auréola dourada em torno da cabeça do seu Hanged-man
(Pendurado/Enforcado). O arcano de O Enforcado nos diz que essa reflexão ou
descoberta poucas vezes se dará de forma suave ou voluntária, é preciso alguma
motivação crítica para que a alma nos faça “ver com outros olhos”. Este arcano
está muitas vezes relacionado com o planeta Netuno, o senhor da visão transcendente,
e o regente do 12º signo zodiacal já mencionado aqui...
Leia também: O Simbolismo do Número Dez
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