terça-feira, 21 de abril de 2020

O Simbolismo do Número Doze


Não tão aclamado na tradição oculta quanto o 10, que é considerado símbolo de perfeição, elevação e totalidade, desde a escola pitagórica até a escola cabalística, o 12 é uma cifra que também possui em si mistérios místicos que merecem ser conhecidos. Entretanto, é preciso entender a cifra entre esses dois números para se ressaltar a importância do 12.
O número 11, situa-se além da cifra da perfeição de Deus, o 10. Por esse motivo muitos cabalistas o consideram um número de pecado e perversão. Hajo Banzhaf diz: “A palavra ‘Elf, onze em alemão, originou-se da palavra ‘einlif’ do alto alemão, que significa ‘um além’, ou seja um a mais que o dez”. Nada há para além do 10 que representa a totalidade da criação de divina, e a perfeição dos Dez Mandamentos! O 11 é o número da sephira de Daath (cujo significado é Conhecimento), que representa o fruto proibido. Outros veem no 11 o homem tornado Deus, e interagindo ativamente com sua presença sagrada para cocriar a realidade que o cerca. Por isso ele é um dos mais poderosos Números Mestres, é a cifra dos que nascem com o desejo de inspirar, orientar, instruir, e estimular o crescimento das pessoas, além de possuir conexão com níveis superiores de consciência que trazem inspirações, visões astrais, intuições profundas e acesso a Voz Interior vinda do altíssimo. Com a possibilidade de atuar em campos como a arte, a política, a espiritualidade, o ensino e a comunicação em todas as suas formas. O 11 é a cifra do EU maior empoderado e ativo no mundo...


O rei Arthur, líder de um grupo de cavaleiros míticos
que dedicaram suas vidas à busca do Graal...

O 12 vem justamente quebrar a fluência desse poder. Esta é a cifra do sacrifício voluntário, do olhar sobre outra perspectiva a essência das coisas. Enquanto o 11 quer atuar o 12 quer servir. Este é o número de meses do ano e dos signos do zodíaco, que mais que uma representação mandálica das qualidades primordiais às quais servirão ao homem em sua trajetória evolutiva e mais ainda à vida na Terra, é um grande calendário celeste. Cada uma dessas qualidades simbolizam aspectos essenciais à manutenção e evolução da vida, tanto do planeta quanto da humanidade. A palavra sacrifício, sempre tão mal recebida, significa literalmente “tornar sagrada a obra”, e tem muito a ver com o quanto aos entregamos nos processos em que nos envolvemos. A dedicação a algo tem tudo a ver com sacrifício, tem a ver com estudo, aprofundamento, investimento, e tempo! O tempo é justamente a única coisa que não se pode recuperar, e ninguém pode ser ressarcido do tempo que dedicou a algo. Tempo é vida! Há uma estreita relação entre este número e o tempo, como os 12 ponteiros do relógio, que contado duas vezes percorre as 24 horas de um dia.  A passagem do Sol por cada um dos 12 signos representa justamente a passagem das estações dentro da corrida cronológica, e para cada pessoa que nasce com a representação dessa passagem em si é proposto o desenvolvimento de uma consciência. E assim em sucessivas reencarnações passaremos por cada um dos doze signos, até nos livrarmos da roda das encarnações! Um canceriano, ou seja, uma pessoa que nasceu no momento em que o Sol transitava na parte do zodíaco que corresponde a Câncer, veio nesse mundo para aprender a lidar com seus sentimentos e emoções, e também aprender sobre família, cuidado e afeto para cuidar, amar, emocionar e inspirar o maior número de pessoas. Cada canceriano o fará ao seu modo, pois cada um tem o seu próprio mapa astrológico para viver. O tanto que cada um se dedicará a fazer este trabalho corresponde a obra que veio para tornar sagrada neste mundo, e que se relaciona diretamente com sua evolução de consciência. Então não nascemos apenas para viver, ser, e atuar para nosso próprio regozijo e evolução, mas também para a evolução do mundo e a felicidade de todos. E é, não por acaso, esse o olhar humanitário transcendente que nos propõe a 12ª casa da roda zodiacal, que é a morada do signo de Peixes, aquele que percebe o fio invisível que conecta tudo e todos pela via interior mais que pela exterior...

O zodíaco, uma representação das qualidades celestes
que também definem a entrada das estações, e marcam
a passagem do tempo para o nosso planeta...

O signo de Peixes, aliás, regeu a era em que a cristandade se desenvolveu e se alastrou pelo mundo seguindo a mensagem de amor e compaixão do Mestre Jesus, o Cristo. Coisa que os cristãos não conseguiram fazer, infelizmente. Cristo também trazia a sua volta 12 discípulos que sacrificaram tudo o que tinham para seguir seu Mestre e criar um caminho espiritual novo, um caminho onde a proposta era o amor! Toda vez que decidimos fazer ou criar algo, a ideia do sacrifício é inerente a essa obra. Toda a ideia de realização que não envolva algum tipo de empenho, dedicação ou até mesmo de certa privação é falsa, pois é vazia. A alma não se identifica com o que não envolve todos os aspectos da vivência humana, da dor à alegria. Sempre a ideia de “sacrifício” a que se refere o 12 envolve tanto o sentimento de propósito quanto a ideia de ampliação da consciência. Na mitologia em todo mundo se vê isto: Jasão segue para a conquista do tosão de ouro com 12 colegas, todos heróis míticos da Grécia, assim como na mitologia germano/escandinava dos Nibelungos Siegfried segue com 12 companheiros para Worms para conquistar Kriemhild, e depois navega por 12 dias e 12 noites para chegar à Islândia. No mito do rei Arthur e os Cavaleiros da Távola Redonda o 12º lugar era mantido livre, pois era onde sentaria o cavaleiro que achasse o Graal. Hércules também fez 12 trabalhos que ao serem cumpridos o elevaram à sua senda evolutiva espiritual, e depois disso foi transformado em um dos deuses do Olimpo. Empenho, sacrifício, voluntário dedicação a algo, seja a uma causa, pessoa, filosofia, atividade, entidade ou trabalho com certas doses de renúncia que tornam sagrados esses esforços, é a essência do que esta cifra nos fala. E quem não o faz, se nega por puro hedonismo ou ignorância? Bem, este virá na roda reencarnatória tantas vezes quanto forem necessárias, até que consiga realizar seu propósito espiritual.
Arcano de O Enforcado,
do Rider-Waite tarot, acima.
A figura do dodecaedro, abaixo
.
Na geometria sagrada o dodecaedro é a composição de doze pentágonos regulares, unindo o número do homem e sua quintessência espiritual (5) ao espaço divino (12), para criar sua obra e a jornada em busca da sua evolução!
O décimo segundo arcano do tarot cujo nome é “O Enforcado”, nos fala justamente das situações em que perdemos o controle sobre os fatos e temos de lidar com o imponderável como ele se apresenta, o que traz dor, desapontamentos, problemas de comunicação, e muito desconforto para o ego, mas traz também em si a possibilidade de ver o mundo sobre outra perspectiva. Remanejando nossa própria percepção da vida, nos fazendo refletir sobre a limitação de nossas vontades, e sobre o propósito a que vínhamos servindo consciente ou inconscientemente. Do mesmo modo que o 7 marca o encontro do 3 divino com o 4 terreno pela adição (3+4 = 7), o caminho terreno, o 12 resulta da multiplicação desses dois números (3x4 = 12), o caminho do crescimento e da transcendência, que significa o ir além do conhecido pelo senso comum... Então, curiosamente, o mártir representado neste arcano do tarot tem também o potencial para se tornar um iluminado. O que foi explicitamente representado por Arthur Edward Waite em seu Rider-Waite tarot ao colocar uma auréola dourada em torno da cabeça do seu Hanged-man (Pendurado/Enforcado). O arcano de O Enforcado nos diz que essa reflexão ou descoberta poucas vezes se dará de forma suave ou voluntária, é preciso alguma motivação crítica para que a alma nos faça “ver com outros olhos”. Este arcano está muitas vezes relacionado com o planeta Netuno, o senhor da visão transcendente, e o regente do 12º signo zodiacal já mencionado aqui...

Leia também: O Simbolismo do Número Dez