Gosto de ver na escala dos
números de 1 a 9 uma ideia de construção ou estruturação de algo. Neste caso trago
hoje uma referência dos números como os estágios de desenvolvimento do corpo e do espírito. O nosso corpo é parte bem ignorada de nós mesmos. Mesmo os que dizem
cultuá-lo o tratam na verdade como uma máquina que se estiver bem
lubrificada trará benefícios como vida longa e de boa qualidade! Mas que qualidade é essa? Poucos param para
pensar que este corpo na verdade é a sede orgânica de nossa alma em sua
trajetória evolutiva. Esse corpo tem estágios que devem ser respeitados em seus
ritmos! E pouco importa se somos obesos, magrelas, atléticos ou longilíneos.
Nem só de exercícios, alimentação e liberação de excrementos vive nossa morada
corpórea, mas também de lazer e de descanso! Muito descanso! Ainda mais nesses
tempos onde somos constantemente exigidos em nosso desempenho intelectual,
profissional, sexual... Isso tudo é movimento e movimento em excesso, como tudo
o mais desgasta! Tanto quanto a inércia enrijece. Massagens de todo o tipo e
exercícios suaves e mais introspectivos como Tai Chi Chuan, ou mesmo banhos de Ofurô, são mais do que
recomendáveis. O corpo não é uma máquina, e sim o invólucro biológico de nossa alma e o campo onde se dará o desenvolvimento da busca de comunhão espiritual.
Veremos a seguir nossos caminhos e
descaminhos na relação com o corpo que nos levam das experiências mais comuns
aos aspectos mais transcendentes dessa relação nem sempre fácil entre a
consciência física e a consciência espiritual:
Zero (0) – O corpo não existe,
apenas um estado de consciência que carrega a lembrança de muitas vidas, mas
que terá de se soltar delas para a trajetória de um novo caminho por esta vida! Entretanto, todos os talentos que se expressarão por intermédio do corpo, advém deste
estágio embrionário das muitas existências que trazemos em nós!
Um corpo saudável não tem a ver só com forma ou aparência. |
Um (1) – O 1 marca a entrada do
corpo neste mundo, ele preserva seus instintos naturais de sobrevivência, como
alimentação, reprodução e até mesmo medo. Sem ele não existiríamos por muito
tempo. Como um bebê se assusta com um estrondo e chora? Em algum lugar do seu
inconsciente ele reconhece isso como uma ameaça e teme por sua vida. Ou quando delimitamos nosso espaço pessoal para criar, trabalhar, ou viver! Isto é o
1.
Dois (2) – Na interação com os pais aprendemos a expressar nossos sentimentos. O cuidado que recebemos será o registro do que tenderemos a reproduzir em situações afetivas na relação com as pessoas que amamos. Note que a forma do 2 parece mesmo alguém que se curva sobre algo ou alguém para cuidá-lo! Aprendemos aqui a expressão física do afeto!
Três (3) – Saímos para descobrir
o mundo. Nós nos aventuramos para além das cercanias de nossas casa, vamos
ver os vizinhos e parentes, enquanto crianças, e quando adultos vamos explorar
nossa cidade, seus bairros, vamos conhecer gente estabelecer ligações! Daí o 3
ser a cifra da comunicação, do aprendizado e do lazer.
Quatro (4) – No 4 aprendemos algo sobre nossos limites físicos, sobre onde podemos ou não podemos ir. Sobre coisas que
podemos e não podemos fazer. O reconhecimento das limitações traz em si a
possibilidade de superá-las. Aprendemos que o corpo além de proporcionar prazer
requer cuidados e para continuar funcionado e sustentando a vida temos de ter
com ele certas obrigações! Um tema tão recorrente nos atributos do 4
Cinco (5) – Depois de reconhecer
limites e obrigações, com o 5 experimentamos formas de extravasar nossa tensão
e soluções criativas para lidar com nossas limitações. Como quando alguém inventou o sinal sonoro
para cegos! O 5 é a cifra da criatividade, da aventura e do sexo como expressão criativa e desopilante. Com o autoerotismo
(masturbação), exercitamos as fantasias que colocaremos ou não em nossa prática
sexual. Claro que o sexo como única forma de lidar com as tensões emocionais gera as
compulsões e obsessões perversas.
O Corpo é submetido a padrões socialmente aceitos. |
Seis (6) – Com o 6 aprendemos que
nosso corpo e nossas necessidades, tanto afetivas quanto sexuais, tem de se encaixar
em padrões pré determinados, e isso é a origem de toda a hipocrisia e insatisfação que vivemos no mundo! Nossa forma física deriva de padrões da moda ou da
medicina, mas nunca de nossa própria natureza, e passamos a vida tentando nos encaixar! As cirurgias plásticas advém dessa necessidade. O 6 é o número das convenções sociais, e a
maioria esmagadora da humanidade vive neste nível.
A partir daqui as experiências com
nosso corpo e os instintos fica cada vez mais refinada e a maioria das pessoas
jamais chegará até esse ponto. Posso arriscar dizendo que a experiência com
nosso mundo físico vai até o 6 para 90% dos habitantes deste planeta.
Sete (7) – A relação com o corpo
se aprimora no 7 e aqui se busca fazer do dele um veículo para que uma força
maior se expresse através do nosso mundo físico em atividades como a yoga, a
meditação, as técnicas de purificação do ayurveda etc. A visão da nossa parte
biológica deixa de ser mecanicista e passa a ser espiritualista. O cuidado
corporal não é só visto como um padrão externo, mas como um processo de
crescimento também sagrado.
Oito (8) – A harmonia do 7 ganha
ainda mais profundidade e a visão do corpo e da vida fica mais ampla! Usando
talvez as mesmas técnicas antes citadas compreendemos que nossa harmonia e equilíbrio
dependem de uma sintonização mais fina com os outros aspectos da vida e com os outros habitantes da
natureza que representam nossa parte animal, vegetal e mineral. Nesse estágio a
consciência ecológica e humanitária atingem níveis muito elevados e poucos
luminares da humanidade chegaram até aqui (o que não nos impede de tentar não é
mesmo?).
Nove (9) – Com a entrada neste ponto de consciência o corpo passa a nos servir e não mais o contrário! Como no caso de
meditadores que passam meses sem beber ou comer em perfeito bem estar, pois o corpo
torna-se uma expressão pura do espírito. Os instintos viscerais de sobrevivência
diminuem bastante porque deixamos de temer a morte, e o estado de bem aventurança
entre o espírito e o corpo já não requerem mais a gratificação sexual compulsiva. A consciência
plena de si cessa a ânsia por aceitação e gratificação pessoal.
Por estar a éons distante da
maioria das pessoas no planeta esse último estágio ideal de união entre o
corpo e o espírito assusta muitas pessoas, em especial aos homens, que temem
perder sua identidade, geralmente muito arraigada nas experiências sensoriais, e sobretudo, sexuais. A maioria das pessoas confunde suas compulsões e apegos como
sendo parte de seu ser essencial. O que os indianos denominariam como a cegueira
imposta pelos véus de Maia.
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