O 15 é o número da Lua cheia, pois em um mês sinódico de 29 dias, no décimo quinto dia é Lua cheia. Em culturas antigas e matriarcais, que concediam à Lua a maior honraria, o ápice de sua floração e brilho era um bom motivo para se comemorar, talvez até um dia sagrado, e o 15, um número sagrado. Assim, ele era considerado na Suméria e na Babilônia o número da deusa do amor e rainha dos céus, Inanna (Ishtar). Na medida em que os valores solares emergentes suplantaram os lunares, antes sagrados, todos os atributos da noite foram taxados de nebulosos e nocivos, e o maior corpo celestial foi maldito.
Por isso, não nos surpreende encontrar no Tarot o 15 como o número do DIABO. Ele também representa o número de desejos pecaminosos da carne que Paulo enumerou em sua carta aos gálatas (Gal. 5:19-21).
O DIABO
Uma interpretação esclarecedora vê na famosa Tabuada da Bruxa Goethe (Fausto I, Cozinha da Bruxa) instruções para se formar um quadrado mágico com esse número 15 demoníaco na soma transversal.
Pelo fato de o 15 ser a soma dos cinco primeiros números (1 + 2 + 3 + 4+ 5 = 15), e ser assim um "grande cinco", não surpreende que ele assuma também a ambivalência do número 5. Assim como a estrela de cinco pontas pode representar tanto algo bom quanto ruim, o 15 possui também um polo claro e um escuro. O lado claro desse número simboliza que se alcançou o ponto máximo, que se escalou um pico. Assim, a décima quinta estação da Via Sacra é a ressurreição, para a qual não se precisa de nenhuma ilustração.
O caminho para o Templo de Jerusalém passava por quinze degraus. Cada degrau correspondia a um dos quinze salmos dos degraus ou ascensão (salmos 120-134), que os devotos cantavam ao subir degrau por degrau em sua peregrinação para Jerusalém. Esse simbolismo torna-se mais evidente no caminho de Maria para o templo. Segundo o Evangelho apócrifo de Tiago, Maria foi levada ao templo por seus pais Joaquim e Ana quando tinha 3 anos, e lá permaneceu durante nove anos até o seu noivado com José. Nas pinturas sacras existem inúmeras ilustrações sobre esse tema, que mostram como a pequena Maria subiu os quinze degraus do templo para se dedicar à grande tarefa que tinha pela frente. Ao subir esses degraus ela se torna, de certa maneira, a Lua cheia, o símbolo da mulher e mãe totalmente desabrochada, pois, como Mãe de Deus, ela mesma passa a ser mais tarde um emblema do templo (Mãe Igreja), que traz o Divino para o mundo. Por Maria reunir em si, sob diversos aspectos, o simbolismo lunar das grandes rainhas celestes dos tempos antigos, não é de se estranhar que o número da Lua cheia esteja relacionado com essa consagração.
Como 3 x 5, o 15 também faz a ligação entre o 3 divino e o 5, o número dos homens. Essa ligação encontra-se nos quinze mistérios do rosário, que o fiel reza dez vezes, e que o faz recordar os 150 salmos.
A maturidade que a Lua cheia atinge no décimo quinto dia, assim como o fato de ela depois minguar e desaparecer, é evocada no conto de fadas "A Bela Adormecida" que no seu aniversário de 15 anos encontra a chave para a porta proibida. Contudo, passam-se cem anos até que a Bela Adormecida seja beijada e acorde. A Lua, entretanto, surge novamente já no décimo sétimo dia depois da Lua cheia.
*Extraído do Livro "Simbolismo e o Significado dos Números", de Hajo Banzhaf. Editora Pensamento, 2009.
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