Ativando o Guia Interior
A intuição é uma habilidade
humana que pode sim ser desenvolvida, porém, é sempre bom ter em mente que há
pessoas que parecem possuir um infinito poder intuitivo espontâneo, que se
expressa de muitos modos, com muita precisão e muito naturalmente. Mas ainda
assim isso é para poucos, e mesmo essas pessoas podem aprimorar os seus
talentos.
Sempre fui muito intuitivo, mas
igualmente racional e crítico demais, custei primeiro a confiar na minha
intuição, e depois conhecê-la mais profundamente. A intuição tem peculiaridades
de pessoa para pessoa. Umas são muito boas em perceber fatos físicos, como o
mal estar de alguém ou sentir que esta pessoa não está bem muito antes de ela
manifestar os sintomas. Outros são bons em captar sentimentos e intenções
ocultas, e avaliar um caráter com pouco ou quase nenhum amparo da mente
analítica. Outros conseguem perceber o desfecho de uma situação, quase como um
oráculo vivo, são capazes de dizer a direção que uma pessoa ou situação tomará
sem nenhuma informação prévia. Há aqueles que possuem uma intuição mais voltada
para questões organizacionais, sabem quando tem um problema num sistema do qual
conhecem o funcionamento, mas ainda assim percebem a desarmonia sem com que nenhum
distúrbio aparente se evidencie. Muitos contadores, auditores, técnicos de
informática e computação possuem esse viés intuitivo, mas como veem a si mesmos
como racionalistas, nem supõe que na verdade são mesmo intuitivos. E, por fim,
há os intuitivos sensitivos que percebem as energias de ambientes e pessoas, e
se “contaminam” com tais energias. Muitas vezes essas pessoas são chamadas de
médiuns, e orientadas a se desenvolverem...
Erroneamente se acha que todo
intuitivo tem potencial para ser um consultor holístico, um oraculista
(tarólogo, cartomante, astrólogo), ou curador! E isso faz com que muitas
pessoas se afastem de atividades que favoreçam o desenvolvimento das suas
habilidades intuitivas. A percepção intuitiva é um guia interior para a tomada
de decisões sobre nossas vidas, nossos relacionamentos e caminhos de
crescimento, e abarcam todas as áreas do interesse humano. Ninguém precisa
deixar seu trabalho para se tornar um místico, curador ou paranormal.
Executamos nossa missão de vida em muitos âmbitos. Uma regra absoluta, porém, é
de que o desenvolvimento intuitivo requer disciplina, dedicação e introspecção.
Três Dicas para o
Desenvolvimento Intuitivo
1º - Saia da zona de conforto que
você escolheu! Pautamos comumente em nossas vidas por fazer sempre uma mesma
coisa com o objetivo de nos tornarmos o melhor naquilo que fazemos, e atingir o
sucesso. E não há nada de errado com isso! O sucesso vem mesmo da prática
contínua, e da dedicação e estudo constantes, e ao atingirmos o sucesso em
nossos campos de interesse mais pessoas além de nós mesmos são beneficiadas. Um
cabeleireiro que atinge a perfeição consegue ajudar a autoestima de seus
clientes, um chef de cozinha consegue resgatar memórias afetivas, e proporcionar
prazer e satisfação numa refeição solitária ou em parceria. Um tarólogo
consegue trazer entendimento sobre uma situação impulsionando a transformação
de seu cliente, um bailarino traz inspiração e enlevo ao seu público, e assim
por diante. O sucesso nunca fica só com quem o atingiu, mas se expande para o
mundo! O que fica perigosamente limitante é quando não nos proporcionamos
outros interesses que nos desafiem, com o objetivo de expandir nossa
consciência sobre a vida. Costumamos assim desviar de áreas em que não nos
reconhecemos como competentes, evitando o fracasso e a frustração. Bem, eles
realmente podem ocorrer, mas se perseverarmos no caminho do nosso desafio isso
pode ampliar nosso potencial criativo tanto quanto nossa percepção intuitiva.
Muitas vezes a inspiração intuitiva se apresenta quando estamos mais
necessitados de orientação. Esses desafios podem ser coisas simples como fazer trabalhos manuais, desenhar, cozinhar, dançar, fazer jardinagem ou qualquer
coisa que faça com que digamos a nós mesmos: “Nossa, eu não sou bom nisso”.
Você pode descobrir que não é tão ruim assim, e adquirir um hobby interessante
e envolvente, ou achar uma vocação oculta. O modo como cada pessoa corta o
cabelo, cozinha, lê tarot ou dança é moldado intuitivamente, não importa de
onde veio a formação, todos nós acabamos por misturar as instruções passadas
por nossos mestres ao modo como percebemos a disciplina que desenvolvemos.
Acontece naturalmente, é intuitivo, e a intuição é um fenômeno natural. Pense
nos navegadores mais primitivos como os polinésios e os vikings, descobriram
novas terras se lançando mar adentro, sem nenhuma informação prévia. Apenas
observando as direções do sol, do vento, sombras refletidas nas nuvens, as
estrelas, e o voo dos pássaros. A falta de conhecimento não foi empecilho para
que seguissem adiante, não é mesmo?
2º - Daí vem a segunda dica: Contate
com a natureza, somos parte dela! Acredite ou não estamos em constante troca
com as energias dos elementos naturais do nosso meio ambiente (a Terra). É
clássica a figura do escritor que se muda para uma casa na praia ou para uma
cabana nas montanhas para escrever seus livros. Os artistas sabem
intuitivamente que essa interação com o meio natural costuma ser inspiradora de
algum modo. Somos parte dos ciclos naturais, e a maioria de nós se esqueceu
disso completamente. Saiba que quanto mais urbano você é menos acesso à sua
intuição natural você terá! A vida na cidade está transbordando de distrações,
pessoas grudadas em seus celulares e tablets não olham mais sequer para o céu.
Há, inclusive, pessoas que creem que no inverno escurece mais cedo porque não
há o horário de verão... Isso mesmo! Não possuem nenhuma observação da direção
do sol nas estações, nem no modo como ele entra pela janela de suas casas. Essa
alienação é que faz com que nosso mundo esteja de tal modo depredado, e faz com
que postagens sobre ecologia e degradação do meio ambiente mal atinjam meia
dúzia de curtidas nas redes sociais, enquanto as de gatinhos e cachorrinhos
recebam centenas ou até milhares. Como se fossem coisas não relacionadas entre
si.
3º - Cultive o silêncio, os ruídos
do mundo são uma forma de distração a que estamos todos submetidos. Não tema ficar
a sós com seus próprios pensamentos. Muita elucidação pode vir disso. Se não
consegue esvaziar a mente em estado de vigília, ou seja, parado, o faça
dinamicamente. Cozinhe, varra a casa, caminhe botando atenção plena no que faz.
Esvazie a mente o máximo que puder até amadurecer o estado de meditação. Não se
acomode no “eu não consigo”, lembra do que falei antes no primeiro item? Dedicação
e empenho! O silêncio é o caminho para ouvir a voz interior da intuição
profunda. O problema é que as pessoas temem o silêncio por temerem na verdade
ouvir seus próprios pensamentos ruminantes e, geralmente, muito negativos. Para
ficar no silêncio não brigue com sua mente, deixe esses pensamentos passarem
como as folhas arrastadas por um rio, ou como imagens que passam numa tevê sem
volume. Não discuta, apenas siga o silêncio. É na profundidade do silêncio que
a mente não linear salta! Como naquela história zen budista em que um rei disposto
a testar o quanto seu cofre era inexpugnável coloca os três homens mais sábios
do seu reino dentro dele, e eram eles um matemático, um filósofo e um místico. Quando
fecha a porta os homens se colocam a avaliar o problema. O matemático faz cálculos
de probabilidade, o filósofo vê-se diante de um enigma, e o místico logo após
avaliar a situação e concluir que nada podia fazer, senta-se no chão e começa a
meditar. Depois de um tempo o rei reaparece e diz: “Ué? Ainda aqui? O vencedor
já saiu!”. Na cerimônia do grande vencedor os outros dois candidatos se
apressam em perguntar ao místico: “Como conseguiu?”, ao que ele responde: “Não sei, apenas
desisti e comecei a meditar, e quando enfim cheguei ao silêncio da mente, uma
voz veio lá do fundo e disse – saia, a porta não está trancada – e eu saí!”. Esse
é o poder do silêncio.