quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

O Simbolismo do Número Dez


Considerado o número da perfeição, pois que representa a união do macro com o microcosmo, o 10 é tido como 1 que transitou por todos os caminhos evolutivos (os outros números) e retornou revigorado, iluminado! Tudo começa, porém, com o zero, o número cujo símbolo mais expressivo é o da serpente que engole a própria cauda representando o eterno movimento do tempo que emana e é devorado pela eternidade. Deste círculo nasce o ponto, ou o 1, que simboliza a manifestação do espírito em sua descida encarnatória. Como a queda de Lúcifer, um ser espiritual que assim como nós veio para uma experiência terrena. Por isso para muitas pessoas entregar-se ás vicissitudes materiais é infinitamente mais fácil já que nossa descendência Divina, ou Superior, tem de ser reconquistada! Simbólica e numerologicamente essa descida ao mundo terreno é representada pelo 01. Por evolução devemos subir ao 10. Essa cifra poderosa gerou um dos mais complexos sistemas místico-religioso-filosófico da humanidade, a Cabala ou Kabbalah. Dividida em dez Sephiroth, que quer dizer números, e seu singular Sephira, quer dizer número! Cada Sephira representa o mundo das formas manifestas com os princípios absolutos do ser. Assim fica mais do que claro que toda a Kabbalah, também conhecida como Árvore da Vida, é um sistema numerológico de compreensão da natureza, do homem e de Deus.
O esquema da Kabbalah,
a Árvore da Vida.
Sua simbologia toda discorre sobre essa queda do homem espiritual para a vida material e sua busca por ascensão, como um malabarista que salta sobre uma cama elástica para dar um salto mais espetacular ainda no seu retorno às alturas. Na experiência humana, entretanto, repetidas vezes o malabarista perde impulso, ou afunda e não retorna ao seu propósito supremo. O denário cabalístico é composto pelas Sephiroth de: 1) KETHER (Coroa), a unidade suprema, o pensamento criador, o princípio de manifestação que origina tudo. O Deus-Pai-Mãe, a origem, a força primordial, a fonte. 2) CHOKMAH (Sabedoria), a sabedoria equilibrada pela inteligência original, o conhecimento profundo do ser, o pai. 3) BINAH (Compreensão), a criadora das formas, aquela que se utiliza de uma inteligência ativa para manifestar o mundo concreto, a mãe. 4) CHESED (Misericórdia), a força benevolente que manifesta e estrutura os mundos e suas bases. 5) GEBURAH (Força), as forças que desmantelam a criação como um teste à sua resistência, os aspectos desestruturadores da existência que revelam as falhas no que foi criado! 6) TIPAHRET (Beleza), o surgimento da visão de harmonia das coisas, a sede da Divindade interior. 7) NETZACH (Vitória), as forças que regem a natureza dos seres e dos reinos, força dos instintos. 8) HOD (Esplendor), a mente individual, o uso da razão, o poder da palavra, a origem da magia tanto quanto da ciência. 9) YESOD (Fundamento), o depósito das imagens arquetípicas, as energias cíclicas subjacentes à matéria que tem o poder de movimentar a realidade. E, por fim, 10) MALKUT (Reino), o mundo manifesto onde a força criadora do homem pode se expressar. É a terra onde pisamos e nos apartamos da descendência sagrada. Nesse “Reino” é onde buscamos o empuxo para subir a Árvore da Vida rumo à comunhão com o Sagrado!


Pitágoras, um Mestre esotérico que viu nos números
a estrutura ordenadora de toda a vida.

O filósofo e matemático Pitágoras considerava o número 10 como o detentor da chave da totalidade, pois a soma de 1 + 2 + 3 + 4 é = a 10. E a Tetraktys deteria em si a chave da compreensão da totalidade da vida. Em sua estrutura encontramos o 1 que é a unidade de onde tudo vem, e não importa como a chamemos, Deus, o Todo, Cosmo, Universo... A vida tem uma mesma origem e a ela retorna. Paralelamente possuímos todos uma parte dessa unidade em nós, conhecida nos círculos de saber como a “Presença Divina”, e mais especificamente no gnosticismo de “Cristo Interno”. Da unidade nasce a dualidade do 2, pois que no mundo físico a manifestação só se dá através do conflito e da complementação de opostos. Assim o macho encontra seu propósito na fêmea e vice versa, ou falando de modo mais genérico o Yn no Yang, e vice versa... A vida tem grande parte do seu sentido atribuído à sua finitude, a morte. O dia sugere tarefas e a contagem do tempo, pois que é sucedido pela noite, e assim por diante! A dualidade da vida contém em si o mistério da existência e sua manifestação, mas pode aniquilar a si mesma senão houver complementaridade. Depois disso encontramos o ternário (3) que sugere movimento. Os antagonismos sugeridos pela dualidade não podem ficar estáticos, assim nascem os princípios do movimento e do tempo: começo, meio e fim. Passado, presente e futuro. Nascer viver e morrer. O ternário faz crescer, mover e continuar. Ele leva adiante o influxo de acontecimentos que chamamos de vida! Por fim, vem o quaternário (4) e ele ordena toda a existência. Sua principal função é organizar, nomear e atribuir funções a tudo. A realidade como um todo pode ser classificada em quatro estágios. O nascer, viver, morrer da trindade torna-se a infância, juventude, maturidade e velhice. Os antagonismos da díade ganham funções; macho e fêmea, ativo e passivo, positivo e negativo ganham funções na sociedade e na estruturação de tudo o que nos cerca. As coisas passam a ter um papel definido. A própria unidade passa a ter uma definição. Para um materialista o Todo é o universo material, para um espiritualista, ou místico, o Todo é a essência espiritual que permeia e movimenta este Universo (Deus).
O esquema do Tetraktys.
Assim, o 4 ao mesmo tempo em que estabiliza, delimita criando as diferenças que originam as crises de convivência entre os reinos e os seres deste mundo. Esse conflito e desassossego com a criação física é que compele o homem maduro espiritualmente a buscar seu crescimento espiritual, enquanto o homem bruto trilhará o caminho da sua degradação física, psíquica ou moral! A esse momento, nos círculos do saber esotérico, é chamado de o Despertar. Ou seja, o momento em que a alma volta para resgatar sua descendência divina, sagrada, ou cósmica, por assim dizer.
O círculo e a linha são as formas geométricas que representam esotericamente o número 10. Simbolizam o homem dentro do seu mundo, onde tem o poder de criar ou recriar sua realidade quantas vezes for capaz, mas nada pode fazer antes do Despertar. Até lá ele se sentirá vítima, ou o único responsável, por tudo o que lhe acontece até que compreenda que todas as coisas são realizadas em cocriação, uma criação conjunta entre homem, natureza e divindade... Mas esse pode ser o trabalho de uma vida (ou vidas) inteira! A linha dentro do círculo representa o ser cercando-se de todas as experiências necessárias para que ele desperte para essa consciência. Muitas dessas experiências serão cíclicas e similares em muitos pontos para que ele as conecte e dirija-se ao seu próximo estagio evolutivo!
A Roda da Fortuna no tarot,
as mudanças como ciclos de
crescimento e possibilidade
de evolução!
No Tarot o arcano 10 é a Roda da Fortuna, que traz em si o simbolismo dos eternos ciclos de queda e ascensão pausados com períodos de serenidade. Sua mensagem consiste no fato de que o homem tem de passar por muitos ciclos (palavra que significa círculo) para refinar e ampliar sua percepção sobre o Todo tanto quanto sobre si mesmo. Colocando de modo mais simples, é o cair levantar até aprender como andar firmemente. O objetivo último da mudança, e o assinala muito bem este arcano, é a evolução do ser através da ampliação da consciência. Que é regulada pela esfinge (as forças misteriosas que regem a vida) no topo da roda. Na Astrologia o décimo signo do zodíaco é Capricórnio, aquele que saiu das águas primordiais que originaram a vida (sua cauda de peixe), e chegou ao ponto mais alto da mandala zodiacal. Amadureceu, encontrou seu propósito de vida, e agora se volta para as necessidades do coletivo, representado pelo signo de Aquário, que vem em seguida, para em seguida dirigir-se ao encontro com a espiritualidade mais profunda e transcendente, representado pelo signo de Peixes. O planeta Saturno é o atual regente de Capricórnio, e foi o regente também de Aquário na astrologia antiga. Esse planeta é o Senhor do Karma, que é por sua vez a força reguladora dos processos evolutivos da humanidade, em termos tanto individuais quando coletivos!

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