Considerado o número da
perfeição, pois que representa a união do macro com o microcosmo, o 10 é tido
como 1 que transitou por todos os caminhos evolutivos (os outros números) e
retornou revigorado, iluminado! Tudo começa, porém, com o zero, o número cujo
símbolo mais expressivo é o da serpente que engole a própria cauda
representando o eterno movimento do tempo que emana e é devorado pela
eternidade. Deste círculo nasce o ponto, ou o 1, que simboliza a manifestação
do espírito em sua descida encarnatória. Como a queda de Lúcifer, um ser
espiritual que assim como nós veio para uma experiência terrena. Por isso para
muitas pessoas entregar-se ás vicissitudes materiais é infinitamente mais fácil
já que nossa descendência Divina, ou Superior, tem de ser reconquistada!
Simbólica e numerologicamente essa descida ao mundo terreno é representada pelo
01. Por evolução devemos subir ao 10. Essa cifra poderosa gerou um dos mais
complexos sistemas místico-religioso-filosófico da humanidade, a Cabala ou
Kabbalah. Dividida em dez Sephiroth, que quer dizer números, e seu singular
Sephira, quer dizer número! Cada Sephira representa o mundo das formas
manifestas com os princípios absolutos do ser. Assim fica mais do que claro que
toda a Kabbalah, também conhecida como Árvore da Vida, é um sistema
numerológico de compreensão da natureza, do homem e de Deus.
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O esquema da Kabbalah, a Árvore da Vida. |
Sua simbologia toda discorre
sobre essa queda do homem espiritual para a vida material e sua busca por
ascensão, como um malabarista que salta sobre uma cama elástica para dar um
salto mais espetacular ainda no seu retorno às alturas. Na experiência humana,
entretanto, repetidas vezes o malabarista perde impulso, ou afunda e não
retorna ao seu propósito supremo. O denário cabalístico é composto pelas
Sephiroth de: 1) KETHER (Coroa), a unidade suprema, o pensamento criador, o
princípio de manifestação que origina tudo. O Deus-Pai-Mãe, a origem, a força
primordial, a fonte. 2) CHOKMAH (Sabedoria), a sabedoria equilibrada pela
inteligência original, o conhecimento profundo do ser, o pai. 3) BINAH
(Compreensão), a criadora das formas, aquela que se utiliza de uma inteligência
ativa para manifestar o mundo concreto, a mãe. 4) CHESED (Misericórdia), a
força benevolente que manifesta e estrutura os mundos e suas bases. 5) GEBURAH
(Força), as forças que desmantelam a criação como um teste à sua resistência,
os aspectos desestruturadores da existência que revelam as falhas no que foi
criado! 6) TIPAHRET (Beleza), o surgimento da visão de harmonia das coisas, a
sede da Divindade interior. 7) NETZACH (Vitória), as forças que regem a natureza
dos seres e dos reinos, força dos instintos. 8) HOD (Esplendor), a mente
individual, o uso da razão, o poder da palavra, a origem da magia tanto quanto
da ciência. 9) YESOD (Fundamento), o depósito das imagens arquetípicas, as
energias cíclicas subjacentes à matéria que tem o poder de movimentar a
realidade. E, por fim, 10) MALKUT (Reino), o mundo manifesto onde a força
criadora do homem pode se expressar. É a terra onde pisamos e nos apartamos da
descendência sagrada. Nesse “Reino” é onde buscamos o empuxo para subir a
Árvore da Vida rumo à comunhão com o Sagrado!
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Pitágoras, um Mestre esotérico que viu nos números a estrutura ordenadora de toda a vida. |
O filósofo e matemático Pitágoras
considerava o número 10 como o detentor da chave da totalidade, pois a soma de
1 + 2 + 3 + 4 é = a 10. E a Tetraktys deteria em si a chave da compreensão da
totalidade da vida. Em sua estrutura encontramos o 1 que é a unidade de onde
tudo vem, e não importa como a chamemos, Deus, o Todo, Cosmo, Universo... A
vida tem uma mesma origem e a ela retorna. Paralelamente possuímos todos uma
parte dessa unidade em nós, conhecida nos círculos de saber como a “Presença
Divina”, e mais especificamente no gnosticismo de “Cristo Interno”. Da unidade
nasce a dualidade do 2, pois que no mundo físico a manifestação só se dá
através do conflito e da complementação de opostos. Assim o macho encontra seu
propósito na fêmea e vice versa, ou falando de modo mais genérico o Yn no Yang,
e vice versa... A vida tem grande parte do seu sentido atribuído à sua
finitude, a morte. O dia sugere tarefas e a contagem do tempo, pois que é
sucedido pela noite, e assim por diante! A dualidade da vida contém em si o
mistério da existência e sua manifestação, mas pode aniquilar a si mesma senão
houver complementaridade. Depois disso encontramos o ternário (3) que sugere
movimento. Os antagonismos sugeridos pela dualidade não podem ficar estáticos,
assim nascem os princípios do movimento e do tempo: começo, meio e fim.
Passado, presente e futuro. Nascer viver e morrer. O ternário faz crescer,
mover e continuar. Ele leva adiante o influxo de acontecimentos que chamamos de
vida! Por fim, vem o quaternário (4) e ele ordena toda a existência. Sua principal
função é organizar, nomear e atribuir funções a tudo. A realidade como um todo
pode ser classificada em quatro estágios. O nascer, viver, morrer da trindade
torna-se a infância, juventude, maturidade e velhice. Os antagonismos da díade
ganham funções; macho e fêmea, ativo e passivo, positivo e negativo ganham
funções na sociedade e na estruturação de tudo o que nos cerca. As coisas
passam a ter um papel definido. A própria unidade passa a ter uma definição.
Para um materialista o Todo é o universo material, para um espiritualista, ou místico,
o Todo é a essência espiritual que permeia e movimenta este Universo (Deus).
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O esquema do Tetraktys. |
Assim, o 4 ao mesmo tempo em que
estabiliza, delimita criando as diferenças que originam as crises de
convivência entre os reinos e os seres deste mundo. Esse conflito e
desassossego com a criação física é que compele o homem maduro espiritualmente
a buscar seu crescimento espiritual, enquanto o homem bruto trilhará o caminho
da sua degradação física, psíquica ou moral! A esse momento, nos círculos do
saber esotérico, é chamado de o Despertar. Ou seja, o momento em que a alma
volta para resgatar sua descendência divina, sagrada, ou cósmica, por assim
dizer.
O círculo e a linha são as formas
geométricas que representam esotericamente o número 10. Simbolizam o homem
dentro do seu mundo, onde tem o poder de criar ou recriar sua realidade quantas
vezes for capaz, mas nada pode fazer antes do Despertar. Até lá ele se sentirá
vítima, ou o único responsável, por tudo o que lhe acontece até que compreenda
que todas as coisas são realizadas em cocriação, uma criação conjunta entre
homem, natureza e divindade... Mas esse pode ser o trabalho de uma vida (ou
vidas) inteira! A linha dentro do círculo representa o ser cercando-se de todas
as experiências necessárias para que ele desperte para essa consciência. Muitas
dessas experiências serão cíclicas e similares em muitos pontos para que ele as
conecte e dirija-se ao seu próximo estagio evolutivo!
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A Roda da Fortuna no tarot, as mudanças como ciclos de crescimento e possibilidade de evolução! |
No Tarot o arcano 10 é a Roda da
Fortuna, que traz em si o simbolismo dos eternos ciclos de queda e ascensão
pausados com períodos de serenidade. Sua mensagem consiste no fato de que o
homem tem de passar por muitos ciclos (palavra que significa círculo) para
refinar e ampliar sua percepção sobre o Todo tanto quanto sobre si mesmo.
Colocando de modo mais simples, é o cair levantar até aprender como andar
firmemente. O objetivo último da mudança, e o assinala muito bem este arcano, é
a evolução do ser através da ampliação da consciência. Que é regulada pela
esfinge (as forças misteriosas que regem a vida) no topo da roda. Na Astrologia
o décimo signo do zodíaco é Capricórnio, aquele que saiu das águas primordiais
que originaram a vida (sua cauda de peixe), e chegou ao ponto mais alto da
mandala zodiacal. Amadureceu, encontrou seu propósito de vida, e agora se volta
para as necessidades do coletivo, representado pelo signo de Aquário, que vem em seguida, para em seguida dirigir-se ao
encontro com a espiritualidade mais profunda e transcendente, representado pelo
signo de Peixes. O planeta Saturno é o atual regente de Capricórnio,
e foi o regente também de Aquário na astrologia antiga. Esse planeta é o Senhor
do Karma, que é por sua vez a força reguladora dos processos evolutivos da
humanidade, em termos tanto individuais quando coletivos!
Leia também: O Simbolismo do Número Doze