sábado, 12 de março de 2011

Definindo Holismo



A palavra holismo deriva do grego “holos” que significa “todo”, portanto holismo é, por definição, uma filosofia de vida em que a totalidade da existência é levada em conta e tudo aquilo que foi dissociado em nossa cultura como sendo sem relação agora é visto como um conjunto indissociável. Como a máxima Mens sana in corpore sano, na citação do poeta Juvenal. Uma mente sã num corpo são, um influencia o outro. A consciência holística torna essa afirmação muito atual e verdadeira. Ondas de pensamentos destrutivos farão adoecer o corpo e comprometerão o espírito e assim por diante...
O holismo foi uma palavra que tomou força como avanço da Nova Era, pois esse movimento é caracterizado pelo crescimento integral da humanidade. Devido a isso temas tão aparentemente distantes como esoterismo, política e ecologia têm sido frequentemente tratados juntos em reuniões holísticas pelo mundo a fora. Para entender melhor a maravilha deste conceito é preciso ampliar nosso campo de visão: Todo o conhecimento esotérico visa devolver o homem comum a sua condição mais intrínseca, a de um ser livre que deve experimentar tanto as alturas mais elevadas do espírito e dos temas transcendentes quanto sua ligação com a natureza, da qual ele mesmo faz parte e da qual pode extrair valiosos ensinamentos. Basta lembrar que  a maioria dos sistemas oraculares, como o tarot e a astrologia, se baseiam nos quatro elementos naturais. Da mesma forma muitas filosofias místicas, como o zen budismo japonês e o taoismo chinês, extraem seus ensinamentos da observação pura e simples da natureza!
Um conceito de integração global.

Hoje os temas ligados à preservação do meio ambiente, bem como todas as áreas de atuação humana, dependem dos sistemas políticos! Os esquemas de ordem política não podem, por esse motivo, serem deixados de lado! Ao levantar a bandeira de um ideal coletivo estamos também expressando um ato político! Ao lutar pelo bem estar da família humana, a qual todos nos encontramos ligados por tanto tempo quanto dure nossa jornada terrena, estamos cumprindo uma atividade tanto espiritual quanto política, sem exaltar nem ignorar a importância de uma ou de outra! A política como um mero instrumento de poder é tanto vazia quanto nociva, pois destrói a consciência coletiva de proteção ao povo que a originou, além de servir ao ego doente de alguns poucos.
O holismo alarga nossos conceitos limitados de vida e nos coloca num patamar de responsabilidade sobre nós mesmos e sobre a vida sustentável neste planeta. A visão egoica do “tudo meu” deve dar lugar a visão comunitária do “tudo nosso” numa celebração da vida. Esse tipo de mentalidade é que inspirou o interesse moderno pelo xamanismo e o estilo de vida dos povos nativos, também chamados de primitivos, das Américas, Europa e África que viviam sob a égide da partilha comunitária com respeito total à natureza sem nunca esquecer o legado aos seus descendentes.
O conceito holístico encaixa-se perfeitamente dentro das qualidades arquetípicas do número cinco. Sua forma guarda a metade de um quadrado na parte superior com a metade de um círculo na sua parte inferior, unindo assim o material e o espiritual, o consciente e o inconsciente, e toda e qualquer realidade que pareça dispare num primeiro momento. O cinco é o número da exploração e integração da diversidade de experiência e realidades. No tarot corresponde ao Hierofante (O Papa), aquele que une o mundo visível ao mundo invisível dando um propósito à existência. Na astrologia é mercúrio, o grande comunicador que une as muitas verdades numa síntese perfeita! Esse planeta nos remete ao Deus Hermes da mitologia grega, o único que podia viajar às alturas do Olimpo até às profundezas do submundo do Deus Hades. O grande psicopompo, o que resgatava as almas.
Número cinco, um integrador de múltiplas realidades.

Respeito às diferenças de costumes, crenças e filosofias tornam o holismo não uma utopia, pois que não prega uma vida homogênea, mas sim um grande desafio onde toda uma cultura deverá ser revista e transformada em seus valores mais superficiais, mas estranhamente arraigados nesse início do século XXI.
O respeito ao indivíduo criará uma comunidade mais equilibrada, e um indivíduo disposto não só a entender, mas a respeitar e aceitar as diferenças existentes numa comunidade ajudará a criar uma sociedade menos violenta e muito mais tolerante. Se o dogma religioso for substituído por uma aceitação do espírito, que afinal pode se expressar em qualquer religião, teremos pessoas mais livres, satisfeitas e capazes de religarem-se a Deus independentemente do nome pelo qual o queiram chamar.

O Hierofante, arcano V, no Thoth Tarot de Aleister Crowley. 
Unindo os mundos e dando propósito à existência.

O holismo surge como uma necessidade intensa da humanidade em diminuir suas zonas de conflito. Preservar a própria sobrevivência com qualidade de vida, paz e prosperidade dentro de um novo modelo econômico que preserve a natureza, e permita aos outros seres vivos que também aqui habitam a ter a possibilidade de se desenvolverem e evoluírem enquanto espécies e não apenas de serem usados como comida, ou vitimados em esportes cruéis como touradas ou safáris!  A liberdade que esse extraordinário conceito traz, no entanto, depende do grau de interesse que cada um tem pela espiritualidade, pois como um tema transcendente ultrapassa os limites risíveis do nosso ego culturalmente limitado por conceitos sociais e estimula o autoconhecimento. Uma espiritualidade holística inclui desde a subjetividade das percepções místicas até a ampla pesquisa científica em diversas áreas, respeitando sempre as diferentes formas de perspectiva de ambas.