quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

O Arquétipo do Herói nas Histórias em Quadrinhos

Os símbolos são expressões da alma humana em seu eterno processo de evolução, ou reinvenção. Eles carregam uma poderosa energia psíquica conhecida como arquétipo. Os arquétipos se movimentam através dos símbolos sem ser contidos por eles. Portanto um símbolo pode mudar sua forma e ainda assim conter seu arquétipo correspondente. Um bom exemplo disso é o que ocorre com as cartas do tarot. Seus arcanos (Ou mistérios) são imagens arquetípicas. Existem diferentes baralhos com muitas concepções artísticas do arcano da morte, por exemplo. Umas mais leves, outras mais pesadas e outras ainda, mais profundas ou espirituais. Todas, porém, correspondem aos arquétipos correspondentes da morte: perda, transformação, ruptura, perda de forças vitais, etc.
Com os mitos ocorre o mesmo, todos os mitos são histórias arquetípicas que expressam esse mesmo processo de transformação e evolução da consciência através dos tempos! Os heróis míticos possuem incrível similaridade com as atuais personagens das histórias em quadrinhos. Os super heróis da atualidade lutam pelos mesmos ideais dos cavaleiros medievais e dos guerreiros do oriente, como os samurais. A luta honrada, o respeito ao adversário e a inspiração do feminino guiam os heróis atuais como guiavam os seus predecessores. Na Idade Média os cavaleiros serviam a rainha e morriam por ela. Muitos dos heróis dos HQs estão dispostos a morrer por suas amadas. Esse feminino exteriorizado é símbolo de porção feminina da psique que não pode fenecer na alma masculina!
Apresento aqui uma relação de alguns super-heróis da Marvel e DC Comics cujas personalidades e histórias se encaixam de modo surpreendente a alguns dos mitos mais famosos da antiguidade relacionando seus correspondentes numerológicos e mitológicos:

O Número 1 - O Homem de Ferro 

Tony Stark é sua identidade secreta, um charmoso e sedutor cientista espacial (Que na versão mais recente é um fabricante de armas), que incorpora bem os atributos do número 1. É um líder brilhante, pioneiro e muito dedicado à pesquisa com um ímpeto tremendo de auto superação. Ele não possui nenhum poder especial a não ser um gênio extraordinário e uma capacidade incrível de sobrevivência. Parece uma versão moderna do herói grego Ulisses, um homem muito inteligente e grande estrategista que criou a ideia de dar um cavalo de pau carregado de soldados para adentrar nos portões de Troia e tomar a cidade. Ficou tão orgulhoso desse feito que desafiou o Deus Poseidon dizendo que não precisara dos Deuses na sua vitória. Pagou um preço caro por isso, ficou perdido 20 anos no mar sem voltar para casa, só conseguindo depois de ser redimido pelo próprio Poseidon. Esse mito narra o conflito do racionalismo com o misticismo e já trata do cisma ciência x espiritualidade. Nas histórias do Homem de Ferro esse combate também aparece no duelo com o *Mandarim, uma figura mágica e poderosa que consegue retornar da própria morte.

Homem de Ferro, guiado pela inteligênica como o herói Ulisses.

O Número 2 - Spawn 

O cavaleiro do inferno é na verdade Al Simons, um ex matador da CIA que é eliminado pelos próprios comparsas quando começa a questionar o que faz. Ao chegar ao inferno é escolhido por um demônio chamado Malebolgia para dirigir suas hostes infernais numa guerra que tomaria o planeta Terra. Ele representa bem as qualidades do número 2, como ambiguidade e capacidade de sintetizar diferenças, embora no seu caso de modo atormentado e brutal. Spawn, como passa a se chamar, não se lembra de nada a não ser do seu grande amor pela esposa Wanda Blake que faz com que ele se recuse a destruir a humanidade. Spawn, entretanto, já havia recebido as armas mais poderosas do inferno por Malebolgia e passa a usá-las contra ele próprio. Aqui está clara a relação com o mito de Orfeu, só que na tragédia grega quem morre é a sua bem amada Eurídice, ele desce ao mundo de Hades, Deus da morte, e toca para ele a canção que fez para sua tão amada Eurídice. Comovido Hades permite que ele saia do submundo com ela, coisa que nunca antes havia acontecido, mas adverte para que ele não olhasse para trás ou a perderia para sempre. Quase na saída Orfeu desconfia da sinceridade de Hades e olha para trás onde então vê, pela última vez, sua querida noiva que desaparece para sempre às portas do submundo. Ao voltar para o mundo humano Orfeu está transformado por incríveis poderes de predição e cura e torna-se um afamado curador e adivinho, mas nunca mais volta  a amar.

Spawn, combinado dois mundos e realidades diferentes, 
como todo número dois.  Armado com os poderes do submundo ele luta pelo bem.

O Número 3 - Thor
 
O Deus do trovão incorpora bem as qualidades do número 3, é compassivo, mas forte, intenso e protetor, e tão confiante em si mesmo que beira a arrogância! Comete um erro ao invadir o reino dos gigantes de gelo quebrando um acordo entre estes e os Deuses, sendo por isso mandado numa condição semi-humana para sentir dor e privação junto dos homens como uma lição dura para o seu ego. Na Terra ele assume a forma do Doutor Donald Blake um médico talentoso, mas manco de uma perna. Cumpre assim seu aprendizado sobre humildade e limitação. Ele enfrenta muitas vezes, assim como nos mitos reais sobre suas façanhas, o seu irmão Lóki, um Deus enganador que o ama e o odeia ao mesmo tempo. A dualidade de Thor também aparece no seu amor pela enfermeira Jane Foster, que por sua vez é apaixonada por Thor e não por sua identidade secreta humana. A versão para o cinema desse HQ em nada lembra as suas origens. Na mitologia nórdica Thor era o protetor dos homens, o mais forte e poderoso dos Deuses e também, o mais amado. De fato O Deus Thor foi tão adorado que historiadores afirmam que seu culto se estendeu até os primórdios da era cristã no norte da Europa. Tanto nos quadrinhos como nos mitos Thor é um Deus dividido entre dois mundos.

Thor, Deus nórdico que virou herói.

O Número 4 - O Coisa 

Benjamin Jacob Grimm é um dos fundadores do quarteto fantástico e o que tem a mutação mais incrível e também irreversível! Sua aparência condiz com sua personalidade, como acontece com os outros membros do Quarteto Fantástico. Ou seja, uma personalidade típica do número 4, resistente, forte, sempre disposto a agir e realizar, mas extremamente brutal. Os poderes do Coisa são uma exaltação das qualidades do 4. Ele é mais forte, mais rápido e mais resistente do que seus companheiros, mas suas capacidades também funcionam como espécie de maldição que lhe causam uma enorme exclusão social que por muitas vezes o revolta. Impossível não lembrar do herói  grego Hércules, cuja força foi uma dádiva do seu pai divino Zeus, mas que se volta contra ele que, ao ser enlouquecido pela ciumenta Deusa Hera, mata toda sua família. Cheio de culpa ele se submete ao rei Euristeu, que era devoto de Hera, para cumprir doze trabalhos quase impossíveis, escolhidos pela própria Deusa. O que ela não contava é que Hércules os cumprira eximiamente e receberia com isso o direito a viver no Olimpo tornado um Deus a quem foi concedida a mão da Deusa Hebe, a Deusa da juventude.

O Coisa, combina força e habilidade, características do quatro.

O Número 5 - X-Men 

São super heróis que começam sua vida como homens comuns, mas que em determinado momento, durante a puberdade, manifestam dons especiais que seriam o resultado de um salto evolucionário. Devido as suas habilidades, muitas vezes incontroláveis, eles são temidos pela maioria dos homens comuns e alguns passam a vê-los como uma ameaça. Surge então a figura do Professor Charles Xavier, grande telepata e homem benevolente que reúne esses jovens numa escola para doutrinar seus poderes e habilidades para conviver melhor na comunidade humana, e também combater os mutantes malignos que pretendem destruir a humanidade. Esses são liderados por Magneto. Os X-Men são a representação perfeita dos atributos do número 5: adaptação, mudança súbita e conciliação de naturezas opostas. O número 5 é o número que pode reunir o divino e o comum de modo harmonioso. Na antiga Grécia dos mitos os centauros também eram seres dúbios, meio humanos, meio cavalos. Quando se embriagavam, porém, ficavam violentos e entravam em conflito com a comunidade dos homens. Os centauros passam a ser tidos como inimigos dos homens e são combatidos. Eis que surge Quíron, o mais gentil dos Centauros, filho de Zeus ele possui notáveis poderes de vidência, cura, poesia, oratória e pedagogia passando a ser o mestre dos grandes heróis gregos como Hércules, Aquiles e Jasão entre outros. Outra semelhança entre as histórias é de que Quíron tinha uma ferida que não podia ser curada e que também não o matava, pois que era imortal. O Professor Xavier vivia numa cadeira de rodas, uma tremenda limitação no mais notável dos X-Men.

Professor Xavier, líder dos X-Men, 
similaridade com o centauro Quíron.

O Número 6 - Superman 

Eis o mais bem comportado dos super heróis! Superman não mente, é justo, devotado e protetor. Incorpora com perfeição os atributos de preocupação comunitária, proteção, amor à família e à nação (ele também é um super norte-americano). Defende com toda a sua paixão os valores medianos de boa convivência humana, honestidade, justiça, decência e liberdade, o que o torna perfeitamente compatível com as características psicológicas do número 6. Nasceu em Kripton com o nome de Kal-El e mandado a Terra por seu pai Jor-El para salvá-lo da destruição que se abateria sobre seu planeta natal. Chega à Terra e é adotado pelo casal Jonathan e Martha Kent que o batizam com o nome de Clark Kent. Na juventude descobre seus poderes e sente que tem de partir da pequena Smallville. Indo para Metrópolis vai trabalhar no jornal Planeta Diário onde conhece seu grande amor, a jornalista Lois Lane, a quem vive salvando de perigos mortais. O Superman é uma versão alienígena do jovem herói Perseu, filho de Dânae com Zeus, foi lançado ao mar pelo rei Acrísio, seu avô. Acrísio soube por um oráculo que o filho de sua filha o mataria! Zeus se revolta e faz com que o baú onde a Dânae e seu filho estavam chegasse em segurança ao reino do rei Polidectes que os trata bem. Quando Perseu cresce, o rei lhe manda matar a terrível górgona Medusa e ele o faz com a ajuda de Deusa Athena. Ao voltar em seu voo sobre o mar ele vê a jovem e bela Andrômeda que está prestes a ser morta por um monstro marinho. Mais um feito extraordinário de Perseu ele mata o monstro e se casa com a linda jovem...

Superman, o super bom moço, defensor dos fracos 
e oprimidos como o herói Perseu.

O Número 7 -  Surfista Prateado 

Seu nome é Norrin Rad do planeta Zenn-La onde era um nobre que ao ver seu mundo ameaçado pelo terrível Galactus, o devorador de mundos, ele se oferece para servi-lo. Sua intenção real era além de proteger o seu planeta o de salvar a vida de sua amada Shalla Bal. Ele passa então a se chamar de O Surfista Prateado e vaga pelos mundos em sua prancha prateada preparando-os para serem destruídos por seu senhor. Ao chegar a Terra, porém conhece o quarteto Fantástico e comovido por sua nobreza ele se une a eles e expulsa Galactus. Este o pune deixando-o para sempre preso na Terra. Só mais tarde o Sr. Fantástico o liberta de sua prisão. O Surfista Prateado é um típico número 7, é filosófico, observador profundo e se sente de algum modo fora do contexto em que vive. O herói nunca mais volta ao seu planeta! Em suas aventuras ele sempre faz reflexões profundas sobre os fatos e quando ajuda os humanos deixa escapar um certo desdém pelo seu comportamento. O jovem Belerofonte também foi um herói extraordinário, dono de um cavalo alado chamado Pégasus foi desafiado pelo rei Lóbates a matar a terrível Quimera, um monstro com duas cabeças, uma de leão e outra de cabra, rabo de serpente venenosa e patas de águia que atacava e matava homens e rebanhos. Lóbates não imaginava, porém de que ele sairia vitorioso, mas Belerofonte venceu. Foi mandado a partir de então a muitos empreendimentos arriscados, aos quais superou. Por feitos tão grandiosos o herói sente que seu lugar não é mais entre os homens, mas entre os Deuses. Com seu cavalo alado sobe em direção ao Olimpo para tomar seu lugar divino. Zeus, ofendido com sua presunção, manda uma vespa picar o cavalo que o derruba matando o ousado aventureiro. Tanto o personagem da antiga Grécia quanto o viajante das estrelas são figuras que olham com estranheza as limitações dos mortais e não se sentem parte do contexto, por assim dizer. A solidão e uma certa arrogância intelectual são atributos negativos do número 7 que ambos compartilham.

O Surfista Prateado, altivo e filosófico como todo o número sete.

O Número 8 - Batman 

Bruce Wayne tem muitos atributos do número 8 em sua personalidade, é rico e bem sucedido e sóbrio sem deixar de ser um filantropo dedicado. Batman também carrega os atributos do 8, mas os menos nobres: é impiedoso, rígido e justiceiro. O jovem Bruce viu o assassinato dos pais num assalto e jura vingança contra o crime. Seus altos ideais de justiça nada mais são do que uma válvula de escape para a sua frustração e luto infantil não elaborado. Nas histórias originais Batman também é conhecido como o Cavaleiro das Trevas. Uma figura tenebrosa e sombria. Sua fantasia de morcego é um emblema dos seus ataques, sempre noturnos, e do terror que pretendia disseminar entre os criminosos. Suas lutas contra o crime não aplacam sua ânsia por justiça. Batman tornou-se de tal forma assustador que seus criadores lhe dão mais tarde um pupilo, Robin, na tentativa de tornar sua fisionomia mais paterna e humana para o publico. As versões cinematográficas desse personagem foram quase todas ridículas e em nada lembravam essas origens. O jovem herói grego Orestes também é um jovem rico, um nobre filho do rei Agamenon. Ele também presencia a terrível execução do seu pai por Egisto, amante da mãe Clitemnestra. Achando que também seria morto foge para a Fócida e ali cresce. Mais tarde é ordenado pelo Deus Apolo a vingar seu pai matando sua mãe. Ao fazê-lo passa a ser atormentado por culpa e é enlouquecido pelas Erínias que vingam a morte da mãe. A justiça de Orestes também não lhe traz paz, passa anos entre o remorso e a loucura até ser liberado pela Deusa Athena, protetora de todos os heróis. Batman não teve a mesma sorte.

Batman, Robin foi criado para humanizar sua expressão.

O Número 9 - Lanterna Verde
  
Hal Jordan é um piloto de provas que é recrutado por um grupo intergaláctico de defensores da lei e da ordem. Recebe um anel energético que é um símbolo de união com esses guerreiros do bem, como também é uma arma poderosa com forças quase ilimitadas!  O Lanterna Verde possui muitos dos atributos idealistas e altruístas do número 9 positivo. Esse é o número dos interesses humanitários e globais (E no caso dele universais). O Lanterna Verde defende o bem e a justiça dentro e fora do planeta Terra e nas histórias originais sua missão era altamente secreta, não podendo nunca revelar para quem ele trabalhava. A vida pessoal desse personagem quase não é focada nos HQs, talvez porque os criadores mudaram seu nome muitas vezes até que criaram um rodízio de Lanternas Verdes com diferentes nomes e identidades. O mesmo se pode dizer do jovem Triptólemo, sabemos apenas que ele pastoreava os rebanhos do seu pai quando foi abordado por uma velha senhora que indagou se ele não vira nada de estranho por aqueles campos. Ao que ele respondeu que sim, viu uma linda jovem ser tragada para o fundo da terra por um homem cujo rosto não se podia ver! A velha então se apresenta como a própria Deusa Deméter, mãe da agricultura e de toda a natureza. Ela conta que procurava a filha desaparecida, Perséfone, que fora sequestrada e que agora ela sabia que seu raptor era ninguém menos que o próprio Deus Hades. Em agradecimento pela valiosa ajuda a Deusa lhe concede o dom da imortalidade, e o conhecimento da agricultura além de uma carruagem puxada por dragões alados que o levariam a qualquer lugar do planeta para que ele ensinasse aos homens a cultivar a terra. Compartilhou com ele um segredo, conhecido como O Segredo da Vida aos quais só uns poucos escolhidos por sua maturidade espiritual poderiam ter acesso. Nascia assim o Mistério de Elêusis o mais bem guardado segredo da antiguidade, e Triptólemo foi seu primeiro sacerdote. Interessante notar que o verde da cor da roupa do Lanterna Verde é, além da cor da verdade, a cor da natureza e da fertilidade.

O Lanterna Verde, similaridades com Triptólemo: 
ambos recebem um presente de seres superiores.

O que torna os super heróis menos dignos que seus companheiros míticos é sua tendência a serem manipulados por interesses políticos e econômicos, o que por outro lado os torna um bom espelho da sociedade da época em que vivem. Nas versões mais recentes dos HQs para o cinema vemos que as identidades secretas simplesmente desapareceram! Na trama os heróis acabam sendo revelados de um jeito ou de outro. O Homem de Ferro assume ser quem é numa coletiva de imprensa. O Homem Aranha também tem sua identidade revelada ao enfrentar o Octopus dentro de um trem, mas com a garantia dos passageiros de que seu segredo continuará bem guardado. A escola do professor Xavier também é revelada para o serviço secreto norte-americano.
Aqui o que se mostra é um quadro político bem claro, com o fim da guerra fria os Estados Unidos se assume como a única potência do mundo e, portanto, o único líder a ser seguido! No seu discurso para a abertura dos trabalhos do congresso em janeiro desse ano, Barak Obama garantiu que: "A América se erguerá da crise e continuará liderando o mundo"... Identidade secreta pra quê?
Outro fato marcante é o sumiço do rival mais famoso do Homem de Ferro, o *Mandarim. Ele foi simplesmente suprimido dos filmes! Bem, nos anos 60 a China era um inimigo perigoso dos EUA e da democracia, já que se tratava da maior nação comunista do mundo. Hoje ela não só se abriu como é o maior parceiro comercial dos Estados Unidos, precisa explicar mais?
Os antigos heróis expressavam a alma humana em sua busca por elevação, enquanto os super heróis modernos são a fria consequência de um mundo materialista e conduzido por interesses claramente egoicos e imperialistas. Felizmente a pouca dignidade que sobrevive por trás dos personagens, oriunda do grande inconsciente coletivo humano, ainda preserva belos ideais de solidariedade, proteção dos fracos e excluídos, e serviço a um bem maior.

* Em 2013, em O Homem de Ferro 3, O Mandarim reaparece, mas adivinha? Ele não é chinês! É uma farsa criada por um lunático ocidental para assustar o governo americano. Alguém percebe alguma preservação das relações políticas entre China e EUA nisso?